Deslocamentos... Consciência... Loucura... Em trinta e cinco minutos...
Meu primeiro minuto...
O resto dos dias espalhados sobre a toalha da mesa começava a chamar atenção das voadoras idéias avulsas, e com certa ira peguei o mata moscas da lógica e uma por uma eram esmagadas pela minha consciência, porém como sempre escapam de nossas mãos algumas depositando os vermes da hipocrisia.
Todavia em centésimo de minutos meus pensamentos iam de zero à cem comprimindo as minhas certezas às minhas dúvidas, e a rara dor de cabeça já começara a se tornar contínua, impertinente, nem mesmo os analgésicos aliviavam a minha angustia.
Estou sozinho e olho as paredes da minha casa e as recordações de sofrimento e alegria no dia em que realizei um dos meus sonhos materiais, e a alegria da minha primeira mulher e da segunda , terceira, quarta , enfim, uma infinidade de mulheres em uma só, e como é mágico ser infiel com a mesma mulher.
A cada dia, a cada ano ela transformava-se, crescia suprindo cada fantasia, sonho, uma confidente, uma amiga, despertando o desejo de uma nova conquista sem que eu precisa-se sair em busca de aventuras complicadas e perigosas.
Não a nada que à cerca da lógica possa ser trabalhado com o coeficiente transitivo elaborando outros fundamentos básicos da moralidade.
O principio estrutural deve partir com o sentido transformador e objetivista, mas o próprio movimento circunferencial que cria e recria os sentimentos que os envolvem sofrem as debilitudes independentes das certezas ou dúvidas que cada um possui.
Meu segundo minuto...
Seco o segundo copo de Martini e com isso sinto que algo está diferente, já não vejo as coisas da mesma maneira, perdeu-se não sei onde a leveza e o desleixo e começa aflorar em mim o mesmo comportamento autocrítico de quando estou lúcido.
Quem me dera pudesse viver dentro do estoicismo, conjecturas insanas e putrificadas alimentadas por uma mente distorcida pelo efeito do álcool , e que deuses serão esses que me empurram pensamentos e prismas que não preciso e que nunca tive, gracejam e fazem pilhérias e com os seus dedos gigantes fazem cócegas para que eu ria da minha própria desgraça .
As nuvens escuras desenhavam formas estranhas entre os estrondos e as faíscas dos martelos forjando quem sabe lá outro dia, uma rosa, ou até mesmo uma lâmina enquanto isso Zeus e Odin jogavam xadrez sentados no topo do mundo, enquanto uma gargalhada perdida bebia de outra boca o vinho da taça virada pelo deus Dionisio...