PERDÃO - IV

Durante os nossos tempos loucos, aqueles nossos tempos, eu cria e descria, simultaneamente, da realidade do teu amor. Muitas vezes achava que alucinava sozinha, que era tudo criação do meu próprio desejo e do meu próprio sonho. Ousava plenamente crer; ousava plenamente descrer. Tudo porque, em verdade, não podia crer que eu fosse capaz de inspirar, em alguém, sentimento assim. E estava enlouquecendo, enlouquecendo, enlouquecendo em razão de, pela finalidade de me deixares livre para a espera e a escolha (levei muito, muito tempo para compreender isso) não assumisses nunca, diante de mim, a tua própria espera de mim.

Não escrevo isso para me justificar de nada, nem para te responsabilizar pelo que quer que seja, mas, para que me saibas mais, ainda que tardiamente; para que saibas do meu medo, da minha insegurança, da minha dificuldade em crer que o que vivíamos fosse efetivamente real. Eu não podia acreditar que um ser ínfimo como eu pudesse ser amada realmente por alguém, muito menos por alguém como tu.

O mais... o preço que pagamos se diz por si mesmo.