Sou, talvez, eu
Com certeza momentânea, nunca fui politeísta, com esta mesma certeza, não sou teísta e também não deísta (nem pela linha francesa e muito menos pela linha inglesa), durante algum tempo fui uma espécie de panteísta, escondido por traz de algum agnosticismo. Mas quanto mais vivia, quanto mais buscava ler o livro de nosso universo e da existência da vida, e quanto mais amava a natureza imanente, o materialismo real, e a realidade do todo, mas percebia que não precisava de nenhum deus panteísta, a natureza por si só me bastava, e diminuía em muito todas as dificuldades filosóficas de sustentar algum “princípio” transcendente cuja “vontade” seria o domínio das leis naturais.
A natureza, não somente o corpo biológico que vulgarmente muitos de nós chama como natureza, mas sim o todo, físico, químico, biológico, mental e social, incluídos ai o próprio espaço-tempo e toda energia existente, é por si só suficiente para dar causa e efeito a tudo.
Percebi que a ideia panteísta derivava de preconceitos adormecidos, graças a uma educação cristã, onde a ideia da necessidade de um deus era razão de tudo. Superada esta percepção, e tendo como gatilho o nascimento de meus filhos, uma vez que não desejaria em momento algum imaginar que eles poderiam ter um pai não autentico, fiz o salto que faltava, e assumi minha posição de ateu, baseado em princípios materialistas, realistas, científicos, humanistas secular, positivistas, naturalistas, e socialistas, com algum tempero do epicurismo, do ceticismo, do anarquismo, do cinismo, e do existencialismo. Pareço louco, talvez o seja, mas não creio na verdade em ninguém que se afirme fiel seguidor de uma única linha filosófica do viver e do ler o mundo em que vivemos.
Como os sistemas filosóficos sempre se sobrepõem em alguma porção, e em outras são radicalmente excludentes entre si, a ordem apresentada tende a melhor me representar no que sou, no que penso e no como ajo, “materialismo, realismo, científico, humanista secular, positivista, naturalista, e socialista, temperado com “quês” de epicurismo, do ceticismo, do anarquismo, do cinismo e do existencialismo.”
Foi um caminho natural para mim, conforme crescia em estudos e em percepção parcial do que é real e do que existe, caminhei de um teísmo apaixonado, para um deísmo sincero (na linha tipicamente francesa de que existiria um deus, mas que ele não age diretamente sobre o mundo que criou, e em maior escala não age sobre nós, quase voltairiano), e desta forma cheguei a um panteísmo que me parecia ser a verdadeira “revelação” do todo.
Como meus amigos, familiares e colegas de trabalho eram e ainda são em sua maioria teístas ferrenhos, me escondi sobre a nevoa do agnosticismo, pois me permitia não ter que ser teísta, mas evitava quaisquer discussões, pois a fraqueza espiritual do agnosticismo é exatamente a fuga de uma posição. Mas eis que casei, e veio a primeira gravides. Cada dia era um tormento, pois não aceitava a ideia de meus filhos terem como pai um omisso, um mentiroso, um alienado ou de uma apatia ou mesmo afasia, que os levassem a terem dúvidas do que seu pai é e de onde quer chegar. Assim, despido de vergonha e de medo, assumi publicamente meu ateísmo, minha esposa confirmou que já percebia abertamente isto, meus pais, em especial minha mãe nunca aceitaram, meu pai manteve uma postura mais neutra, e meus amigos, alguns me criticaram abertamente, outros passaram a me evitar, outros a culpar meu ateísmo por qualquer erro que cometesse, por menor que fossem, como se errar não fosse uma característica humana e sim dos ateus, como se teístas, deístas e panteístas não errassem, e outros amigos, até hoje não acreditam, falam que sou ateu apenas da boca para fora, que levo uma vida religiosa, simplesmente porque têm o preconceito de acreditar que dignidade, moral, humanidade, amor e altruísmo são propriedade de religiões e de algum deus. Estes falam que “sou ateu graças a deus”.
Este sou eu, defensor da realidade, da necessidade da matéria como suporte a tudo, crendo na conversibilidade matéria-energia, defensor de um socialismo real, digno em que o humano seja defendido pelo social e não o contrario, a sociedade para mim é sempre mais valiosa que o individual. Longe de ser perfeito, longe de ter certezas absolutas, mas defensor ferrenho das verdades absolutas, longe de ser melhor do que ninguém, pois que o ateísmo por si só não faz minguem melhor ou pior de que outro alguém. Assim creio em uma única chance do viver, não coleciono bônus para o amanhã, amo a vida acima de quase tudo, e sou relativista em relação a moral e princípios, mas busco ser humano em toda essência do verdadeiro sentido de humanidade, faço por que assim o escolhi, longe do medo, do terror de um deus que tudo sabe de mim, que tudo pode por mim, e que tudo vê. Ajo na sinceridade do que escolhi. Ajo cheio de falhas as vezes, cheio de dúvidas outras vezes, mas ajo porque assim sou, por que assim escolhi, por que assim estou me fazendo a cada momento que me transformo, e a cada momento que os muitos de mim me fazem ser. Busco sempre que possível, nos poucos momentos de consciência, a racionalidade, e onde esta não se aplique ou tenha chegado ao seu fim, busco sempre uma análise critica e profunda do todo. Assumo minhas culpas e meus erros, e tenho certa vergonha do que sou e da realidade que construímos.
Há! Amo as crianças acima dos adultos e dos idosos, pode ser uma das minhas múltiplas falhas, mas vejo nas crianças o verdadeiro exemplo de liberdade, de amor e de união. Tenho consciência que algumas crianças já nascem com maior força de egoísmo do que outras, mas cabe a nós adultos, tentar educar, educar no seu sentido mais global, multidisciplinar e abrangente possível, cabe a nós, por exemplos e ensinamentos, trazer estas crianças para uma jornada épica de amor, de igualdade, e de fraternidade, onde o respeito pelos próximos seja um dos pilares de sua educação... Difícil? Talvez. Mas não impossível, e para isto não preciso de deus e nem de religiões, que ao meu ver, mesmo negando, são fontes de segregação, mesmo tentando vender uma imagem de ecumênicas...
Com certeza momentânea, nunca fui politeísta, com esta mesma certeza, não sou teísta e também não deísta (nem pela linha francesa e muito menos pela linha inglesa), durante algum tempo fui uma espécie de panteísta, escondido por traz de algum agnosticismo. Mas quanto mais vivia, quanto mais buscava ler o livro de nosso universo e da existência da vida, e quanto mais amava a natureza imanente, o materialismo real, e a realidade do todo, mas percebia que não precisava de nenhum deus panteísta, a natureza por si só me bastava, e diminuía em muito todas as dificuldades filosóficas de sustentar algum “princípio” transcendente cuja “vontade” seria o domínio das leis naturais.
A natureza, não somente o corpo biológico que vulgarmente muitos de nós chama como natureza, mas sim o todo, físico, químico, biológico, mental e social, incluídos ai o próprio espaço-tempo e toda energia existente, é por si só suficiente para dar causa e efeito a tudo.
Percebi que a ideia panteísta derivava de preconceitos adormecidos, graças a uma educação cristã, onde a ideia da necessidade de um deus era razão de tudo. Superada esta percepção, e tendo como gatilho o nascimento de meus filhos, uma vez que não desejaria em momento algum imaginar que eles poderiam ter um pai não autentico, fiz o salto que faltava, e assumi minha posição de ateu, baseado em princípios materialistas, realistas, científicos, humanistas secular, positivistas, naturalistas, e socialistas, com algum tempero do epicurismo, do ceticismo, do anarquismo, do cinismo, e do existencialismo. Pareço louco, talvez o seja, mas não creio na verdade em ninguém que se afirme fiel seguidor de uma única linha filosófica do viver e do ler o mundo em que vivemos.
Como os sistemas filosóficos sempre se sobrepõem em alguma porção, e em outras são radicalmente excludentes entre si, a ordem apresentada tende a melhor me representar no que sou, no que penso e no como ajo, “materialismo, realismo, científico, humanista secular, positivista, naturalista, e socialista, temperado com “quês” de epicurismo, do ceticismo, do anarquismo, do cinismo e do existencialismo.”
Foi um caminho natural para mim, conforme crescia em estudos e em percepção parcial do que é real e do que existe, caminhei de um teísmo apaixonado, para um deísmo sincero (na linha tipicamente francesa de que existiria um deus, mas que ele não age diretamente sobre o mundo que criou, e em maior escala não age sobre nós, quase voltairiano), e desta forma cheguei a um panteísmo que me parecia ser a verdadeira “revelação” do todo.
Como meus amigos, familiares e colegas de trabalho eram e ainda são em sua maioria teístas ferrenhos, me escondi sobre a nevoa do agnosticismo, pois me permitia não ter que ser teísta, mas evitava quaisquer discussões, pois a fraqueza espiritual do agnosticismo é exatamente a fuga de uma posição. Mas eis que casei, e veio a primeira gravides. Cada dia era um tormento, pois não aceitava a ideia de meus filhos terem como pai um omisso, um mentiroso, um alienado ou de uma apatia ou mesmo afasia, que os levassem a terem dúvidas do que seu pai é e de onde quer chegar. Assim, despido de vergonha e de medo, assumi publicamente meu ateísmo, minha esposa confirmou que já percebia abertamente isto, meus pais, em especial minha mãe nunca aceitaram, meu pai manteve uma postura mais neutra, e meus amigos, alguns me criticaram abertamente, outros passaram a me evitar, outros a culpar meu ateísmo por qualquer erro que cometesse, por menor que fossem, como se errar não fosse uma característica humana e sim dos ateus, como se teístas, deístas e panteístas não errassem, e outros amigos, até hoje não acreditam, falam que sou ateu apenas da boca para fora, que levo uma vida religiosa, simplesmente porque têm o preconceito de acreditar que dignidade, moral, humanidade, amor e altruísmo são propriedade de religiões e de algum deus. Estes falam que “sou ateu graças a deus”.
Este sou eu, defensor da realidade, da necessidade da matéria como suporte a tudo, crendo na conversibilidade matéria-energia, defensor de um socialismo real, digno em que o humano seja defendido pelo social e não o contrario, a sociedade para mim é sempre mais valiosa que o individual. Longe de ser perfeito, longe de ter certezas absolutas, mas defensor ferrenho das verdades absolutas, longe de ser melhor do que ninguém, pois que o ateísmo por si só não faz minguem melhor ou pior de que outro alguém. Assim creio em uma única chance do viver, não coleciono bônus para o amanhã, amo a vida acima de quase tudo, e sou relativista em relação a moral e princípios, mas busco ser humano em toda essência do verdadeiro sentido de humanidade, faço por que assim o escolhi, longe do medo, do terror de um deus que tudo sabe de mim, que tudo pode por mim, e que tudo vê. Ajo na sinceridade do que escolhi. Ajo cheio de falhas as vezes, cheio de dúvidas outras vezes, mas ajo porque assim sou, por que assim escolhi, por que assim estou me fazendo a cada momento que me transformo, e a cada momento que os muitos de mim me fazem ser. Busco sempre que possível, nos poucos momentos de consciência, a racionalidade, e onde esta não se aplique ou tenha chegado ao seu fim, busco sempre uma análise critica e profunda do todo. Assumo minhas culpas e meus erros, e tenho certa vergonha do que sou e da realidade que construímos.
Há! Amo as crianças acima dos adultos e dos idosos, pode ser uma das minhas múltiplas falhas, mas vejo nas crianças o verdadeiro exemplo de liberdade, de amor e de união. Tenho consciência que algumas crianças já nascem com maior força de egoísmo do que outras, mas cabe a nós adultos, tentar educar, educar no seu sentido mais global, multidisciplinar e abrangente possível, cabe a nós, por exemplos e ensinamentos, trazer estas crianças para uma jornada épica de amor, de igualdade, e de fraternidade, onde o respeito pelos próximos seja um dos pilares de sua educação... Difícil? Talvez. Mas não impossível, e para isto não preciso de deus e nem de religiões, que ao meu ver, mesmo negando, são fontes de segregação, mesmo tentando vender uma imagem de ecumênicas...