Schopenhauer contra a barba
“A barba, por ser quase uma máscara, deveria ser proibida pela polícia”. A crítica de Schopenhauer a barba é uma afronta a sua própria existência. O ser humano não pode relegar algo que faz parte do seu corpo, que é da sua própria identidade selvagem. A insistência da barba em nascer mais revigorante sempre que se tira é a prova viva de um trabalho inútil de vaidade criada por uma sociedade de consumo e de aparência. Schopenhauer deveria ser o último homem a criticar a barba pela simples razão de ser misógino. Só as mulheres nascem livres dessa mascara que define o macho da fêmea, que torna bruta a aparência do ser mais angelical, que arranha o segmento continuo de beleza virginal, pura e doce. Schopenhauer esqueceu de se olhar no espelho logo após fazer a barba ou talvez tenha sido o medo de ver o rosto feminizado por uma lâmina. Esse ódio que ele possuía pelas mulheres acabava aproximando-o mais ainda desses seres fenomenais responsáveis pela existência do homem acompanhado da sua barba.
Não posso relegar minha natureza por que as pessoas acham feio algo em mim, essa mania de socialização me dói no espinhaço de tantas regras bobas criadas para satisfazer uma moda, uma linha pré-definida para todos. Não é porque a maioria dos homens faz a barba que eu devo fazer a minha. Tenho pavor a essa ideia de iguais em bobagens criadas sem mera significância. É algo que faz parte do meu corpo é como a sobrancelha. Por que ninguém raspa a sobrancelha em Schopenhauer?