Surf
A vida é como o surf. É preciso cautela. Primeiro você chega e observa o mar. Molha os pés na beira e espera a série de ondas passarem. Para não levar na cabeça, para não “envacar”. Furam-se algumas ondas, sai do “quebra coco”. Passado a arrebentação, espera-se. Espera-se a série voltar, espera a melhor onda chegar, a sua onda.
Então, você mira para a praia e rema com tudo. Posiciona-se na onda, escolhe o melhor lado, o lado que a onda abre. Aí você desce a onda, “dropa” até o fim. Ou até ela se fechar. Talvez você “envaque”, engula água salgada, talvez não. Talvez você saia da onda sem maiores dificuldades. Então você volta para o mar e fazer tudo de novo.
Às vezes a onda quebra em cima da gente, jogando-nos no chão, girando-nos de um lado a outro. Fazendo-nos sentir dentro de uma máquina de lavar. Às vezes engolimos água, às vezes o mar nos expulsa, às vezes nos machucamos.
E a decisão é só nossa. Voltar para o mar e tentar mais uma vez, ou sairmos e nos lamentarmos na beira da praia, olhando as ondas quebrar. Voltando para o mar, a gente pode engolir mais água, levar mais “caldo”. Mas em algum momento, a gente vai pegar não só uma onda perfeita, mas várias, chegando a pegar a melhor onda de nossas vidas. Divertindo-nos. Ganhando a sensação que tudo valeu à pena.
Na manhã seguinte, a gente volta para mais uma bateria de surf, isso se tiver “swell”. Se não é só esperar. A maré está sempre mudando.