Chegou a Hora
"Pulso queima, sangue escorre.
No espelho, o espectro da vergonha e da mentira grita por socorro. Mediocridade enfadonha que persiste, bate e fica. Ontem era sonho, hoje vira ilusão.
O céu já não tem o mesmo tom de azul e as canções perderam a sutileza para se tornarem verdadeiras metralhadoras de mágoas profundas.
Rejeitado, humilhado, um pó na imensidão do mundo. Sim, doeu! Cada palavra marcara-me como uma gélida lâmina invisível e ninguém mais estava ali para me impedir. Não havia abraço na madrugada, um sorriso amigo num domingo de sol e nem mesmo Deus sussurrando no meu ouvido que tudo ficaria bem. Abandono é o que sinto.
Forte finca, adentra e rasga. O corpo fraco cede, gira, tomba e cai.
Ainda com os olhos abertos, as imagens vêm num turbilhão de péssimas lembranças. A dor cessa e a máscara enfim se estilhaça em pútridos cacos de esperança forjada.
Chegou a minha hora de sair do palco sem aplausos para arrancar e sem sombra para me esconder. Chegou a hora de dizer adeus.”