Incoerente
Eu queria ser criada, ser mentira inventada.
Eu queria ser bela, como pintada em uma tela, dourado em meio a aquarela.
Eu queria ser história, ser sentida mais ilusória. Queria dançar sobre uma pedra, pés descalços tranças longas, num cabelo cor de fogo. Queria olhos azuis
com íris amarelas como ouro de um anel. Ter a face redonda, lúdica, longa, lânguida e longínqua.
Ter a voz de sereia cantada, ter o som de um rouxinol empoleirado ao pé de ipê.
ser como a chama de uma vela, iluminando uma capela, do alto de um morro que assovia a solidão.
Seria apenas uma pena, flutuante e negra na paisagem em meio a clareira.
Balançar ao vento sem pressa sem tempo.
Então seria lida e relida, contada e repetida como uma história mal contada, eu seria mal falada, mas nunca mal dita. Oras, nao me sobrediga.
Uma ilusao estonteante, um ponto importante de uma história inconstante e inebriante. Uma leitura solitária. Sei que sou meio arbitrária. Absorta, absorvo toda essência de mim. Eu que não pestanejei , que nem mesmo planejei, mas também nao me imperstiguei, e involuntariamente me criei assim.
Sou apenas personagem de mim