FIM
E ela vai entrando pela sala
De uma forma que eu já nem mais esperava
As luzes em volta de sua cabeça
As linhas tortas costuradas em seu vestido neon
O vinho amargo descendo calmamente pelos lábios
A imagem distorcida de asas em volta do peito
Um brilho ofuscante nascendo no ventre exposto
Rostos e mais rostos presos num simples sorriso
É uma estrada muito longa pra uma vida curta
Sorrisos febris durante diplomáticos outonos
A dança intrépida da alma sonolenta
O sacrifício vazio de quem ama o medo da dor
... Uma última música pra todos nós, Arabelle
Seja uma boa menina, rejeite o questionamento
Aquelas nuvens de mentira no céu da cidade
São a assinatura do demônio-homem... O Destruidor da beleza
É um fardo muito pesado sonhar com esse mundo novo
E eles não querem esses brilhos nos seus olhos tão doces
Eles amam a falsa ideia de liberdade, forjada na prisão da mente
Eles só querem ser notados enquanto a marcha não cessa os tambores
Enquanto o corpo pode ser judiado, eles vão dançar
Porque vale mais estar na ilusão real do que na realidade mentirosa
E se há um deus, esse deus é mil e mil é dez e dez é nada
Abstratas aparições num lago ao norte, onde o vento é frio demais
Você observou a cidade hoje?
Não é triste a natureza agonizando a nossa volta?!
Você viu nos olhos daquele pobre animal?
Eu digo o animal-homem...
Viu como é enfadonho observar a irrelevância da humanidade?!
Árvores de pedra e perda... Um jugo conhecido
Você sai de casa, dá um beijo na esposa e nos filhos
E aguarda a silenciosa sentença: vida ou morte?!
... E, no fim, que diferença faz?!