Aquela garota...
Conheci uma garota uma vez. Todos os dias, cedo, quando pegava o ônibus para ir para a escola, ela estava lá.
Os olhos dela eram como a chuva.
É algo que se aprecia de longe, porque você não quer adentrar a sua magia, porém quando você o faz, e gosta, vicia.
Tinha um sorriso que era como o céu para mim.
Apesar de parecer o mesmo sempre, trás uma sensação nova cada vez que o vê. Acalma.
Tinha o cheiro de uma manhã pós chuva.
É fresco e gostoso. Dá vontade de pertencer a ele.
Tinha uma voz como um morango com chocolate.
É super doce, mas te intriga com a facilidade com que pode ficar azedo no fim. Era perfeita.
Nunca cheguei a lhe dizer nada disso.
Nunca a cumprimentei.
Nunca a olhei diretamente nos olhos.
Para falar a verdade acho que ela se quer sabe da minha existência.
Mas se soubesse, gostaria de ter dito a ela tudo isso.
E o pior é que eu tive inúmeras chances de fazê-lo.
Se você está lendo esta carta, por favor... entregue a ela e diga para ela que se algum dia ela se sentir sozinha, para que ela saiba que ao menos uma vez alguém realmente se importou com ela.
Guilherme Henrique de Faria