A PROCURA DE UM MUNDO MELHOR
Cena típica: mulher de meia idade saindo da padaria carregando na mão direita uma carteira e na esquerda um sorvete de palito que acabara de comprar. Ao sair do estabelecimento, rapidamente desembrulha o sorvete e, sem a mínima culpa, joga o papel melado na calçada.
Infelizmente, este ato tão comum revela a pouca ou nenhuma noção de cidadania, já que ser cidadão é estar consciente dos próprios direitos e deveres. Além do mais, trata-se de ato inadmissível em plena era da informação, em que todo ser humano está cansado de saber as consequências inevitáveis deste desrespeito. Acúmulo de sujeira nas vias públicas, entupimento das bocas de lobo, enchentes, perdas materiais e emocionais. Há um passo adiante da verdadeira cidadania, que vai aíém da observância de leis humanas, mas sobretudo no cumprimento das leis divinas, estimulado há mais de dois mil anos por Jesus quando nos convida a fazermos ao próximo o que gostaríamos que nos fizesse.
Tentando buscar respostas, ainda no seio familiar, vemos pais ausentes da rotina de seus filhos, mais preocupados com o seu bem estar material do que com a estrutura moral, muitas vezes fazendo todas suas vontades, passando a mão na cabeça de filhos indisciplinados e inconsequentes. Na escola então, o cenário não é muito diferente, com o enfraquecimento cada vez maior da instituição de ensino, com o governo, entre outras coisas, remunerando e preparando mal os professores, proibindo a reprovação, retirando as aulas de cidadania, civismo e de moral cristã das escolas; e, sem o apoio do governo e dos próprios pais, a direção das escolas fica perdida e engessada, pois não tem como exigir respeito de alunos que se recusam a receber instrução, muito menos cobrar dos professores uma postura, já que quando tentam chamar a atenção do aluno de forma mais enérgica, não têm respaldo da escola, que por sua vez, não tem respaldo dos pais.
Saudades da época em que professora era considerada e tratada como segunda mãe, ninguém ousava questionar uma determinação sequer. Sempre às Segundas-feiras, todos enfileirados e uniformizados, cantavam o Hino Nacional; pedia-se licença e permissão à professora quando se chegava atrasado ou precisasse sair. Não era chamada de "sora".
Ao lermos os jornais, ouvirmos as notícias mais absurdas e chocantes, nos deparamos com esta triste realidade; do desrespeito do ser humano com o próximo e consigo mesmo, do descaso com a natureza, enfim, de toda a violência gerada pelo egoísmo e orgulho. É comum a preocupação dos pais quanto ao futuro de seus filhos... Ao olharem para aquelas carinhas inocentes e assim pensarem: "que tipo de mundo deixaremos para eles?" Mas, francamente, não seria muito mais apropriado pensar "que tipo de filhos deixaremos para o mundo?"