Saudades
Que saudade quando abria a janela e ouvia tanto o cantar do galo como das outras aves que por aqui sobrevoavam.
Que saudade dos tempos que andava por entre as matas e sempre havia uma cascata límpida, transparente e confiável.
Que saudade das janelas enfeitadas com flores multicores e das portas escancaradas por onde entrava pela manhã o calor do sol e depois a brisa da tarde, os amigos e os vizinhos e no avançado da noite quando já fechadas apenas nas tramelas que as seguravam havia sempre uma réstia de luz invadindo pela fresta do telhado de uma lua que por cima passava.
Que saudade do bom dia, boa tarde, de como vai à família e de tudo mais que havia quando numa esquina tranqüila alguns vizinhos se encontravam.
Ai que saudade! Ai que vontade que ainda fosse assim e não ter que ficar como agora pagando um preço tão caro pelo simples direito de poder respirar, um respirar que sufoca, pois estas grades que agora me cercam fizeram da minha casa uma verdadeira sucursal de uma cadeia, mas que na minha mente mesmo sentindo prisioneira ainda teima e insiste em chamá-la de lar.