Tango
Desenho meu eu. Minhas mãos já não tão trêmulas quanto antes esboçam seus primeiros rascunhos.
Às vezes, um ou outro rabisco certeiro.
Desenho a lápis. Não lido bem com a irreversibilidade da caneta tinteiro.
Também uso cores. Cores que rasgam o papel, encantam os olhos, brilham, convidam para um baile silencioso!
Embora o preto e o branco, o tudo e o nada, digam muito sobre quem sou.
Pensando bem, talvez nem tanto.
A aparente simplicidade do enlaçar do risco preto no puro branco papel apenas facilite as coisas... por alguns momentos.
Reescrevo meu passado, futuro e presente incansavelmente, faço um desenho da minha alma. Traço o rosto que quero ter. E ele está em constante revolução!
Meu sorriso ganha mais razões, minhas palavras significados.
Os segundos tornam-se curtos ou extensos: alongam-se ao infinito, quebram a velocidade da luz. O tempo e o mundo dentro das minhas pupilas transformam-se naquilo que eu sou: dançam um tango comigo.
Rabisco minhas verdades, desenho meu rosto, danço meu tango.
E o que é a vida senão uma dança de salão nunca ensaiada?
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Um dia esse texto será poesia. Por enquanto, são só idéias minhas.