O CAMINHO DO AMOR
Quando penso em mim sinto saudades do que eu era. Tanto de mim já se perdeu, quantas partes já ficaram pelo caminho, que hoje, já não sei bem quem eu sou. As ideias porém, são mais leves, os passos mais calmos e eu sigo por um mesmo caminho há algum tempo, apenas porque ele me parece mais seguro. Mas, quando penso em mim, tenho duvidas se sou aquilo que realmente queria ser. Penso, penso e simplesmente não sei, apenas vivo, uma vida tão incerta que ao amanhecer eu não sei se vou chorar ou se vou sorrir. Esse meu “eu” anda silenciado por isso, e sei que isso não é bom. Gosto das vozes. Gosto dos sons e movimentos. Gosto de ser forte. Gosto do amor. Mas, esse último gostar, silencia todos os demais, não no começo, mas no meio, no caminho, quando você não sabe mais onde você começa, onde você termina, quem é você e quem é o outro. Não sei se amar é tão bom. Bom é estar com alguém, mas, geralmente nos perdemos neste espaço e ser forte é difícil demais. Às vezes é impossível ser você sem atingir o outro, às vezes é impossível estar com o outro sem se ferir, e nesse jogo, o que sustenta são os momentos bons, as sensações, a ideia de futuro, a segurança, a estabilidade, que fazem de nós incapazes, reféns de um status convencional a todos. Por isso digo, no amor não há liberdade, liberdade existe apenas na solidão, quando se está só, você é você. Mas, ninguém gosta da solidão, não por muito tempo, logo ficamos inquietos e seguimos na busca por um alguém que seja melhor, que preencha as lacunas na nossa vida e nos faça feliz. Essa é a mais doce ilusão do ser humano, sempre que se encontra, se perde, não há encontro sem despedida, não há união que não seja partilha, não há nós se não houver a doação do eu. É tão complicado, tão delicado, que não sei se eu consigo. Sinto saudades do que eu era, mas também, não sei como viveria sem a outra parte mim, que não sou eu. Sou refém dessa situação, e eu mesma caminhei com meus pés para os braços do amor e hoje ele me acolhe sem me dizer o que será do amanhã, incerto, mutável, necessário. Não há fuga. É o destino que a vida traçou.
Fernanda A. Fernandes
12/8/13