A Espada Quebrada
Nos campos antigos do sul...
Relva pálida, terras pouco habitáveis...
Ao se olhar o topo de uma encosta pode-se ver de longe,
Uma velha espada enferrujada pelo tempo, ainda cravada ao chão...
Seu companheiro a teria abandonado? Ou talvez sucumbido antes dela?...
Que batalhas teriam travado será que venceu, ou simplesmente pereceu ali?
...
Há sangue em seu aço? Quantos deixaram de existir por sua lâmina?
Defendia o fraco? Atacava o indefeso? O que fazias tu quando brandida?...
Há quanto tempo aí esta?
Difícil saber, só se pode supor, não falas...
Nem aponta teu destino...
Como saberia ou o que poderia fazer ainda em brasa, moldada para matar?
Como poderia impedir o braço que a empunhava?...
Nada faz, mas contigo traz...
A morte, a defesa, o ataque, vitória ou derrota...
Terminado o seu trabalho, retornam ao ponto de partida, talvez não todas...
Pois aí aqui estas, encerrada neste solo duro, de vegetação pálida e baixa...
Ao longe se vê fácil de notar...
Seu aço quebradiço e ranhurado já foi novo e polido um dia,
Não sei se trouxe liberdade ou escravidão, mas por respeito a você
E a seu companheiro será melhor que aí permaneça...
Estar de pé dá pistas de que venceu talvez, um cadáver não pode fixar uma espada...
Por outro lado um guerreiro jamais se separa de sua companheira, se não a retirou daí
Certamente deste mundo já se retirou...
Mas talvez este fosse teu desejo, assim permanecer, para ser vista, admirada, ou mesmo
Levantar questionamentos, como os meus...
Uma velha espada quebrada em um monte, uma antiga história de alguém...
Que não muito explica, nem muito deixa saber, é uma pequena agulha cravada em algum lugar da terra, alguns notarão, outros não...
As mãos de um assassino? Ou de alguém que a brandiu em defesa do fraco?
As mãos de um libertador ou conquistador?
De alguém que lutou e venceu de alguém que desistiu e sucumbiu?...
Não há como saber, mas a hora de ser empunhada e colocada outra vez em repouso certamente chega, inicio, meio e fim...
Diferente de tu que aí estas, imóvel...
Somos nosso próprio Ferreiro e mesmo a mão que empunhará,
Destino? A que propósito servirá é uma escolha não um destino.
Vitória ou derrota? O resultado depende do empenho.
Sorte ou azar? Quando despreparado tua vitória chamará sorte.
Fraco ou forte? Questão de tempo, uma árvore começa como uma insignificante semente.
Certo ou errado? Jamais estará correto para todos, e se todos concordam, por certo há algo muito errado acontecendo.
Por fim, creio que sejamos o minério mais maleável que exista, pois muitas coisas pode se tornar o ser humano, para tantas finalidades quanto possíveis...
Embora as diferença sejam muitas, há alguma semelhança...
Jovens como um minério, aquecidos, dobrados e forjados para alguma finalidade algum dia...
Ou o calor e as marteladas do ferreiro nos deixarão resistentes e fortes ou nos quebrará, se quebrar de nada serviríamos, é um teste...
Se resistir, ainda há caminhos diferentes a percorrer, caminhos estes que não saberemos com tanta clareza...
Não há como saber, mas a hora de ser empunhada e colocada outra vez em repouso certamente chega, inicio, meio e fim...
História?...
É o que acontece entre ser desembainhada e retornar ao repouso...