Palavras fujonas
Um dia ainda pego as palavras e engaiolo-as para mim. Quero domesticá-las para que me obedecem e sejam gentis comigo sem eu precisar implorar para elas.
Hoje, por exemplo, fugiram de mim arriscas e peraltas, simplesmente se esconderam e me deixaram cá, como navio perdido no mar.
Pasmada e assustada chamo por elas, as espevitadas resolveram simplesmente brincar de esconde-esconde. Antes gostava dessa brincadeira, nesse momento, nem um pouco.
Enquanto minhas companheiras fugitivas brincam, vou descansar um pouco, quem sabe logo elas resolver brincar comigo de faz de conta e quem sabe aí minha mão se põe a escrever e eu volto a suspirar tranquila e satisfeita.