Malha de realidades

De tanto olhar pro alto, fiquei tonto...

Que imenso esse céu!

A gente pensa demais, não é?

Vive de menos, divaga muito...

E muito é nada... e... tá vendo?

Gosto de saber o que estou sentindo...

De ter propriedade sobre meus futuros atos...

Mas quem, de tão complexo, tem poder sobre o que vai vir?

Ontem, estava com a boca d'alma cansada...

Conversei comigo mesmo, diálogos de mim...

Uma coisa absurda. E, ao mesmo tempo, de paz.

E o que é a alma, senão uma mansão solitária?

Onde você quase não pode nada, e que, apesar de sua...

Exige pagamento eterno.

Isso é piegas, e batido, mas...

Não se pode ser o que não se é, e ponto.

Sujeitos aí, findam a vida sem se conhecerem por completo...

E é possível se conhecer por completo?

Um dia, você está fazendo algo novo...

E descobre que essa novidade já estava em você...

Mas você não via.

Progredir é uma escada...

Conhecer a si mesmo, é uma progressão, das mais nobres...

E das mais difíceis...

Não se pode saltar o desconhecido, e pensar que o preço não lhe será cobrado.

“Sinto um cheiro forte de neblina, um suor mascado de medo e vacilo...

Uma fantasia me vem à mente: Voar em meio ao céu de Agosto, mês favorito das dores alheias.”

Tudo faz sentido, mas a gente se preocupa tanto em fazer sentido para os outros...

Que perde muito do que é se entender.

Eu me entendo, às vezes, e agora bebo meu café tranquilamente...

Aquela taquicardia na madrugada, já me acostumei...

Aquele suor, de nervoso, de tímido, de raiva, passa...

Aquela cara de sono, eterna...

A beleza é cada um, a feiura é um mau humor crônico...

É um preconceito enraizado, uma cara de pau vitaminada de hipocrisia.

A feiura que você faz é pior do que o que dizem por aí.

Vou lá fora, olhar o tempo...

Acompanhar essa malha de realidades filtradas, que é a vida.

Malha de realidades