O abismo das palavras
Quem dera palavras fossem fortes
O abismo da loucura jamais teria sido recíproco
De tanto falar, jamais parou para escutar
As opiniões, doxa, torna-se cada vez mais forte
O relativismo fundamenta este mundo,
Não pela relatividade dos fatos,
Oh, os fatos, este já não possuem valor,
O abismo torna-se maior devido às forças das palavras
A opinião, de tão perseverante, de tão eloquente
É irreverente.
Toma Forma.
Tem Forma.
É forçosa.
Quem dera pudesse, por meio de palavras,
Expressar o relativismo delas
Pois outrora havia flores
Havia amores
Havia verdade
Havia fatos
Já hoje, o que não há, é, de fato, fatos.
Quem dera pudessem saber, oh, sofistas de coração
As consequências do teu ser
Quem dera não pudessem mais questionar,
Oh, niilistas de natureza adversa
Puderam vós nos encantar
Górgias, por si só, já era poder demais
Do nada nasceram, do tudo se fundamentaram,
Pois o nada é o fundamento do tudo
De forma agnóstica, não ateia,
Todos foram levados a crer no nada,
Oh, abismo de palavras.
Quem dera houve apenas o cinismo helenísco.