JANELAS
Quando eu era criança, enxergava o mundo através da imaginação, e as lentes que eu usava para isso eram feitas de esperança, pureza e muita fantasia.
Na juventude, aprendi que o mundo deve ser visto através das janelas da razão, mas sem nunca deixar esmaecer os matizes da doçura.
Agora, nesse tempo em que as idades se confundem e já não contam mais, percebo que muitas janelas se abrem, enquanto outras se fecham, mas existem aquelas cujas frestas estarão sempre escancaradas para nunca faltar o calor do sol, a claridade da lua, os ruídos que vêm de fora, a certeza de que janelas podem cerrar-se, mas as chaves das possibilidade estão sempre à nossa disposição.
Podemos olhar mais longe através do novo que se abre na linha do horizonte. A linha é tênue, e o que separa o exterior do que está dentro de nós merece ser considerado.
Quando já não somos crianças, janelas significam onde nos debruçamos para descançar e contemplar o mundo em sua eterna parecença.
E quando alguma coisa parece e desperta nossa curiosidade, acenando com um encontro vital, podemos atravessar a porta e de fora olhar mais uma vez aquela janela, já entreaberta, quase uma fresta, por onde sonhos escapam e se renovam como as estações do ano.
09/04/2007