REFLEXOS
Para tentar compreender horizontes coirmãos é preciso também coragem para primeiro tentar compreender-se. Para analisar incongruências expostas em ares espraiados, com jugos severos e aviltados, é preciso ousadia para primeiro tentar analisar-se.
Um médico de homens ou de almas não curam doentes sem conhecerem de suas próprias fraquezas físicas e espirituais; e os doentes, em contrapartida, não se recusam a mostrar suas condições moribundas, como um grande ensinamento sobre nossas fragilidades, e como um aviso de que a vigília, de nós mesmos, deve ser constante como o respirar que nos mantém.
No entanto, de nossa condição geral no meio das coisas onde estamos e dos seres com quem andamos, é estranho observar vultos de toda parte declamando sobre que chamamos “mal” ou “bem” no mundo no qual nos edificamos em ambíguas interpretações, preterindo nossas próprias trevas em detrimento de olhares postos a adjacências.
Inadvertimo-nos, ao que percebo, de que entre céus e infernos intrínsecos, é que exteriorizamos, apartadamente, infernos, mantendo de nós mesmos uma utópica e fracassada visão de nobrezas, quando nosso olhar se encontra diante do espelho. Mas digo que ambos, bem e mal, coabitam-nos cerneamente, e a mente humana não pode, como se imagina (ou se ignora) invocar a si aprazeres e virtudes, regurgitando lançamentos espúrios aos cantos alheios, pois ambos, por mais que procuremos nos desvencilhar de nossas obscuridades, têm a mesma origem: Nossas psiqués.
Enquanto minhas incautas reflexões me agitam na insônia do frio entardecer que atravesso, penso que toda carne já sofreu o pecado, e que todo espírito já se corrompeu em alguma angústia. Desse ponto é que somos imperadores de nossas decisões e de nossas escolhas, e nos enraizamos profundamente em aprisionamentos imperceptíveis de autopreservações cândidas e débeis, concebendo-nos alívios em conjeturas de tormentas alheias.
Madalena ainda é apedrejada a todo momento, sob o olhar de nosso Deus criado e sob a desobediência de suas palavras sábias. No entanto, o parasita interno que nos habita é pior que qualquer chaga que se nos possa ser atirada de qualquer lugar da vastidão inaugurada.
Descendo o vale crepuscular para o iminente abraço da noite, a conclusão a que pude chegar de minha longa jornada é que nossas pedras angulares se distam de nossos estandartes expostos nas altas torres de nossos magníficos castelos e que, ao nos negarmos enfrentar nossos próprios infernos, costurando, com nossas máscaras, angelicais palidezes e sinfônicos sussurros sob o resto da conjectura, também não podemos superá-los para nos enaltecermos em nossos céus.
Péricles Alves de Oliveira
Um médico de homens ou de almas não curam doentes sem conhecerem de suas próprias fraquezas físicas e espirituais; e os doentes, em contrapartida, não se recusam a mostrar suas condições moribundas, como um grande ensinamento sobre nossas fragilidades, e como um aviso de que a vigília, de nós mesmos, deve ser constante como o respirar que nos mantém.
No entanto, de nossa condição geral no meio das coisas onde estamos e dos seres com quem andamos, é estranho observar vultos de toda parte declamando sobre que chamamos “mal” ou “bem” no mundo no qual nos edificamos em ambíguas interpretações, preterindo nossas próprias trevas em detrimento de olhares postos a adjacências.
Inadvertimo-nos, ao que percebo, de que entre céus e infernos intrínsecos, é que exteriorizamos, apartadamente, infernos, mantendo de nós mesmos uma utópica e fracassada visão de nobrezas, quando nosso olhar se encontra diante do espelho. Mas digo que ambos, bem e mal, coabitam-nos cerneamente, e a mente humana não pode, como se imagina (ou se ignora) invocar a si aprazeres e virtudes, regurgitando lançamentos espúrios aos cantos alheios, pois ambos, por mais que procuremos nos desvencilhar de nossas obscuridades, têm a mesma origem: Nossas psiqués.
Enquanto minhas incautas reflexões me agitam na insônia do frio entardecer que atravesso, penso que toda carne já sofreu o pecado, e que todo espírito já se corrompeu em alguma angústia. Desse ponto é que somos imperadores de nossas decisões e de nossas escolhas, e nos enraizamos profundamente em aprisionamentos imperceptíveis de autopreservações cândidas e débeis, concebendo-nos alívios em conjeturas de tormentas alheias.
Madalena ainda é apedrejada a todo momento, sob o olhar de nosso Deus criado e sob a desobediência de suas palavras sábias. No entanto, o parasita interno que nos habita é pior que qualquer chaga que se nos possa ser atirada de qualquer lugar da vastidão inaugurada.
Descendo o vale crepuscular para o iminente abraço da noite, a conclusão a que pude chegar de minha longa jornada é que nossas pedras angulares se distam de nossos estandartes expostos nas altas torres de nossos magníficos castelos e que, ao nos negarmos enfrentar nossos próprios infernos, costurando, com nossas máscaras, angelicais palidezes e sinfônicos sussurros sob o resto da conjectura, também não podemos superá-los para nos enaltecermos em nossos céus.
Péricles Alves de Oliveira