A dualidade
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Os poetas não criam nenhuma realidade. Eles repintam fantasias reais. Eles não prometem divindades; eles as identificam e as imortalizam nos versos. O que há, muitas vezes, é que a surpresa incapacita a credulidade... E as musas, por medo, talvez, desacreditam a intenção poética e se furtam, ingenuamente, da honra de suscitarem tamanha homenagem. Nessas horas, sim, os poetas se tornam insidiosos homens, causadores de desencantos. Somente nessas horas... porque os poetas, até podem criar divindades, mas eles jamais poderão incrustar nas mentes das musas a dimensão transcendente do desejo e encantamento que causaram. Que a posteridade avalie, portanto, a intensidade do devaneio e da ficção.