SÓ QUERIA QUE SOUBESSE...

Mais alguns dias se passaram e agora, depois de tanto tempo, decidi que é a hora de te dizer algumas coisas que acredito serem necessárias. Lembra daqueles lugares, aqueles que eu considerava serem nossos? Os que eu tanto evitei por acreditar que neles ainda pudesse haver pelo menos uma parcela do que fomos um dia? Sim, eu voltei lá, refiz sozinha todo o caminho que um dia percorremos lado a lado, tudo estava exatamente igual, absolutamente nada havia mudado. E surpresa fiquei quando percebi que meus sentimentos é que não eram mais os mesmos. Mesmo sozinha, não senti a menor falta de ter você ao meu lado, a beleza do lugar permanecia intacta, alheia ao tempo e a vontade do destino que por ironia decidiu um dia nos separar. Alias, me atrevo a dizer até que tudo estava mais belo... o vento que soprava cheirava a liberdade, o sol radiante me fez perceber que agora pertenço a outro tempo e que no dia seguinte tudo seria ainda mais encantador...Finalmente toda aquela beleza já não era mais nossa e nem ela parecia sentir sua falta, sua falsa presença havia deixado de ser necessária. Eu me bastava, e fiquei feliz por perceber isso enquanto contemplava o lugar onde costumávamos nos sentar, e eu, como sempre, fazia planos em relação a nós enquanto você fitava um ponto qualquer no infinito e provavelmente construía sonhos onde não haveria espaço para mim. Lembra daquela música? A que ouvíamos juntos e durante esse tempo evitei por acreditar que a letra falaria algo a nosso respeito? Essa mesma. Eu a ouvi nem uma, nem duas vezes, mas várias. Fiz questão de prestar atenção em cada verso, na melodia, na história que ela trazia consigo, e veja só o quanto a vida é capaz de nos surpreender... Ela nunca, em tempo algum havia sido nossa. A história contida nela, nem de longe se assemelhava a nossa. Nela havia amor, carinho e tantos outros sentimentos que nem por um momento você teve. Lembra daquele perfume que eu tanto amava e me desfiz porque lembrava você? Nossa, não faz idéia do quão maravilhoso ele ainda é. Sequer pode imaginar o cheiro que deixa em meu quarto, nos meus lençóis, no meu corpo.... Cheiro que você tanto gostava e aposto que até hoje não conseguiu encontrar outro igual. Sim, eu voltei lá, ouvi a antiga música usando meu delicioso perfume e não entendi como pude demorar tanto para fazer isso. Hoje não há o menor indicio de sua presença e acho que é porque na verdade, você nunca esteve lá de fato, eu tinha apenas um corpo vazio, um coração vazio e uma mente distante demais para perceber o que tinha ao seu lado...

Débora Brandão
Enviado por Débora Brandão em 03/08/2013
Reeditado em 07/08/2013
Código do texto: T4417637
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