Indomável, Jovem e Livre
Sentia-se amada e especial, quando, era só objeto de uso e testes.
Uma verdadeira humana insignificante, como quando um pintor limpa o pincel em um pedaço de pano. Ela era a o resto de tinta.
Com restos faz-se uma obra de arte?
Pode até ser... O problema é que nem todo mundo entende de arte. Até dela fizeram comercialização. Virou algo tão repetitivo que foi preciso automação.
Então para a garota não sobraria arte, era só resto de tinta mesmo. Tem gente que nasce pra ser resto. O sistema hierárquico acabou, mas a mobilidade social ainda é difícil. Culpo a cultura.
Ser o resto pode não ser tão ruim assim, há tempos que não sei o que é ser algo. Contentaria-me em ser uma partícula minúscula de qualquer coisa.
Ás vezes uma fresta de luz é o suficiente para iluminar toda uma ignorante escuridão, com ela faz-se fotossíntese. Alimento divino.
Queria que algo fosse parte de mim para que eu pudesse sentir-me representado. Filho é pra isso.
Filho é parte de nós com vida própria, mas que a gente sempre tentar interferir como se fosse o nosso futuro e não o deles. O cuidar vai muito além de preocupação humana. O cuidar é o que alimenta o ego. É a esperança de que de certo aquilo que não deu com você. Somos movidos a ego.
Nesta vida ainda não tenho filhos e é bem provável que não tenha. Primeiro que não quero que uma parte de mim ainda continue, quero ser enterrado completamente sem deixar partes para trás e, segundo que, sinto que não vim pra isso. O que ocorre é que ainda tenho em algum lugar o sentimento paterno/materno. –Não sei se já amei, se amo ou vou amar. Mas o sentimento existe aqui, bem camuflado, porém, sempre fixo.
Que loucura... Sou parte/resto dos meus pais. Acho que eles nunca se deram conta da dimensão disso, a maioria das pessoas nem percebe. Fico feliz, assim posso seguir minha vida sem cobranças.
Voltando a observar a garota, ela é resto dele. Isso é nítido! O Problema é que sabemos como será o desfecho, logo ele romperá com ela. ( humanos são incrivelmente óbvios) A moça irá acordar e perceber que era só resto. Acho isso triste, mas é importante. Almas gêmeas não existem. E essa coisa de primeiro amor juvenil me da ânsia. Bom mesmo é amor de verão, paixão que enlouquece. Amor puro eu tenho pela minha família, amigos e cachorros.
Não pertenço às gerações metódicas que, têm a necessidade de: casar-se, ter um casal de filhos, férias no litoral, empreguinho comum, almoço na casa da matriarca, assistir TV domingo à noite, pois segunda começa tudo de novo. Esse tipo de vida me deixaria completamente transtornado. Inclusive, acho que já comentei isso em algum de meus textos.
Apego-me facilmente, porem me enjoo com a mesma rapidez. Liberdade não tem preço.
Claro que penso que uma vida solitária também pode ser triste. Envelhecer sozinho não me parece a melhor coisa do mundo, entretanto, sou corajoso. Não vou me prender a qualquer coisa por medo.
Sou bem contraditório... E se eu me apaixonar sei que vou apagar tudo o que disse e, vou viver pela pessoa. Acho que é jeito de escorpiano se apaixonar. Viver pela pessoa entre aspas, pois não viveria uma vida regrada por ninguém. ( mas minhas paixões são rápidas) No fundo ainda sou selvagem, quero devorar tudo e todos, acho impossível me domesticar.