Pensamento 219
Tinha olhos mas não via. Tinha ouvidos e não escutava. Tinha olfato e não sabia. Tinha paladar que a gula ocultava e o tacto jamais foi usado para afagar. Quando me escolheste aprendi que o vermelho mais intenso dizia com a fragilidade das papoulas; que toda a natureza se traduzia em sons sensíveis, especiais; que era magnífico o ar com os aromas do prado; que o sabor da tua boca era de mar e frutos silvestres. E a pele, harpa que tu tocas no meu corpo, responde, doce, pelo encanto de, na polpa dos dedos, suave como uma brisa, te aprender. Quando vieste, nasci.