O TEU HOMEM DE HOJE

NA MANHÃ DE 31 DE JULHO DE 2013

Jamais poderia negar que o meu compromisso interior, o mais fundo dos meus compromissos - com exceção do compromisso com minha mãe, é claro - seja contigo, homem, com o homem teu, hoje, quanto o foi sempre com aquele teu homem que conheci há tantos anos. Julgo que o meu maior anseio neste mundo seja saber, desde a alma, quanto restou no homem de hoje (para além das palavras e disfarces) daquele homem, daquele teu homem que conheci há tantos anos. Posso dizer, com a mais funda das sinceridades, ser este o meu maior anseio no que não se refira à minha função de filha, ou melhor, de mãe de minha mãe, que parece ser a única coisa que, no plano objetivo dos dias, me restou. Por que negar que eu me queria, ainda, um pouco mais para mim? Ora, um pouco mais... se não há partilha, se tudo ficou só para mim, de que jeito ainda um pouco mais? Tudo só para mim, mas, por enquanto, cadê forças para o que quer que seja? Perdoa-me, minha mãe, por esta parca e pouca filha que trouxeste a este mundo, que trouxeste a este mundo. Se todos os demais morassem na China, tenho certeza de que as coisas me seriam mais fáceis. Ninguém mora na China. Ninguém.

De todo modo, homem de hoje, não te esqueças da permanência do meu compromisso interior contigo, mesmo quando eu invisível, mesmo quando eu inaudível; mesmo quando eu assim como estou.

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