OUTROS CRISTÃOS
a Slavoj `Zi`zek
Ela, menina, sonhou nessa noite com um enorme quarto muito branco cheio de Che Guevaras nas paredes. Eu creio no terreno céu da revolução, de um novo tipo que não podemos antever, um novo mundo o qual não tenho obrigação de explicar e saber, nem precisar o momento. Amor? Amar é rasgar a cortina. Amar é superar os totens. Amar é expulsar os mercadores do templo. É demolir o templo em três dias, é trazê-lo para o estômago. Amar é comprar espadas para entrar na Jerusalém que mais se assemelha a uma Babilônia. Amar é oferecer a face da justiça; é ter coragem de desmoralizar os imorais – os verdadeiros imorais, aqueles que agridem a verdade, os que destroem o eu de cada um, aqueles que querem que seus irmãos retornem à argila, à paz dos escravos. Nada sei de revolução, mas sei de fome e de esperança, de resistir e de lutar, e de tentar o mundo vasto em contradições compreender. Chego a pensar que a palavra amor não serve pra quase nada. Quase nada. O que fazer com as pulsões de morte e desejos de poder? Como se faz um novíssimo cristão? O que fazer quanto àqueles que não querem mudar o mundo?
(L.F., Mendes, 30/07/2013)