Relógio sem pulso
É inquietante não termos o tempo nas mãos.
Como um pássaro que não se domestica,
não podemos detê-lo;
Suas asas intempestivas não se deixam amansar.
E é engraçado que o mesmo homem que inventou o relógio de pulso,
tenha também inventado o avião.
Ele quase segurou o tempo nas mãos,
mas as horas escorregaram, arredias.
Ele quase voou,
mas nunca plenamente.
Ambas as cápsulas o enredaram:
A da máquina, aço intransponível
que é uma farsa da liberdade,
e a do orgulho que o fez pensar que poderia sustar o andamento da vida,
mas pobre homem,
o relógio de pulso é meramente a analogia de uma algema...