Vice e Versa
Viver no lixo ou no luxo...
Eu Gosto do bom gosto e do bom gosto pelo bom gosto.
Aprecio bons livros, bons perfumes e boa companhia.
Gosto de viver no luxo. Quem não gosta? Aposto com se nos deparássemos com um gênio da lâmpada e tivéssemos direito a três pedidos, pelo menos dois deles teriam a ver com riqueza material, com luxo. Mas é preciso aprender a viver e a conviver no lixo!
Quando me deparei no lixo das minhas emoções mais espúrias,mais bizarras, menos construtivas e mais sombrias, observei que habitava em mim um ser desconhecido, uma entidade que divergia do meu outro eu, mas que essa ambiguidade fazia parte de mim, da minha existência.
Foi aí, que aprendi a me reinventar, então eu saí suja algumas vezes, machucada em outras,tolhida por sentimentos obscuros e sombras, que me causaram medo, raiva e inquietação.
No umbral de minhas emoções descobri que é assim a vida. Vivemos nos reciclando dos ranços e miasmas emocionais e reinventei a partir de mim mesma.
Lixo, luxo, luxo, lixo. Não apenas uma vogal difere uma palavra da outra, os sentidos são totalmente inversos, criando um gigantesco abismo entre uma situação e a outra e vice e versa.
Por que o Luxo odeia o lixo, mas ao mesmo tempo o lixo pode se transformar num luxo.
Antagônico?
Eu diria que sim e que não, se não fosse sua ínfima proximidade que torna tudo tão semelhante e ao mesmo tempo diferente. Um paradoxo que se converge em emoções contraditórias e confusas que custam a se dissipar e muitas vezes nunca se dissipam ou se esclarecem.
Nem sempre avesso é avesso. Infinitas possibilidades e probabilidades se consomem em um único veio. É como um rio que tem várias nascentes, mas lá na frente as águas se encontro e seguem para a mesma direção.
Aprendi que nem sempre encarar de frente algumas situações é prazeroso, mas se negar a encarar é como negar a si mesma.
É necessário coragem! E nem sempre a temos, na maioria das vezes fizemos nossos cérebros tostarem em busca de uma fuga que nos leve para longe daquela situação pitoresca que nos desagrada. Fugas que se tornam impossíveis em certas situações em que ha uma necessidade de encarar e aprender a se adaptar.
Aceitar um fato que nos é avesso a vontade cria uma dificuldade imensa e lutamos contra nós mesmos para encontrar a saída, porém, as vezes a única saída e enfrentar.
Hoje você vive cercado de luxo, amanhã poderá acordar em meio ao lixo. Não é uma questão de escolhas é sim uma imposição.
É muito comum negar nossos erros, negar que somos responsáveis por algo, negar nossas origens, nossos apegos, nossa história, enfim negar a si mesmo, fazemos isso o tempo todo. Somos humanos quedados a errar, cair e levantar, entender que errar é humano e é humano ser humano. Não somos Deuses e nem eu desejo ser apocalíptica com esse texto, apenas desejo expressar as reações do vice e versa com minha escrita.
Não precisamos entender as coisas, precisamos aceitá-las ou não. É um risco! Viver é arriscado...
Quando nos encontramos no lixo, dividimos espaços com os "urubus"( fantasmas internos),mas se vivemos no luxo dividimos espaço com nossa hipócrita e nos tornamos carniceiros de nós mesmos. Aceite-se, perdoe-se e se doe.
E Vice e versa ...