Solidão de Amigos
Foi naquele exato momento, onde percebi: solidão de amigos. Assim como um lobo, que vagueia solitário pelas montanhas; assim como o urso, que caminha errante em busca de seu alimento, ou como um felino, que prefere estar com alguém, mas se adaptou a ser sozinho.
Solidão de amigos, de casa, solidão de mim, talvez. Solidão de tudo, tudo que me abrasa ou que me afasta, de tudo me vê ou me ignora. Solidão de abraços e de sorrisos, solidão da solidão. Antes estar sozinho, que ser enganado e traído. Antes estar comigo, que estar sozinho no meio de uma multidão de olhos cerrados para o meu rosto. Antes estar sozinho, do que estar com falsos amigos, ou com traidoras companhias.
Solidão. A palavra que me resta, a palavra que me cabe, a palavra que me resume: sou solidão. Sou um ser inexistente, nesta sociedade que se devassa cada vez mais, em busca de religião, em busca de um amor, sou solidão, frente à uma sociedade que mendiga um abraço, um carinho... que mendiga o amor do próprio filho, ou o amor do próprio pai. Sociedade de amantes, de preconceitos, de defeitos, de falhas. Sou solidão, mas já estive na multidão, já tive muitos amigos, e ninguém foi capaz de enxergar as minhas dores, por mais que eu falasse, gritasse, me expressasse... Sociedade injusta e egoísta, sociedade que fere, e que traz a cura das doenças, que liberta o injusto e aprisiona o santo.
Sociedade que traz a solidão. Que me trouxe a solidão de amigos. Que me fez ser como o lobo, como o urso e como o felino...
25.07.13