HAVERÁ ALGO MAIS A DESEJAR?

NA MANHÃ DE 25 DE JULHO DE 2013

Ser perdoada por tudo e tudo perdoar. Cada qual reconstituir o melhor da própria alma.

Haverá algo mais a desejar? É preciso que isto baste, é preciso que isto seja tudo, o suficiente. Que seja o suficiente. Qualquer algo mais extrapolaria direitos de outrem e não me apraz sequer pensar nisso. Antes de tudo, por lealdade a outrem, pelo meu mais fundo respeito a outrem, aí e aqui, por minha mãe; também por crer que, como para mim, isto seja para ti todo o essencial. Em derradeiro – por que negá-lo? – porque não sou mais, hoje, uma mulher a quem se possa desejar. Dizendo algum bem de mim mesma: quantas seriam capazes de sinceridade tão radical? Cada qual que venha a me ler coloque estas interdições na ordem prioritária que lhes aprouver, que lhes parecer a melhor. Só me cabe dizer que são verdadeiras em minha alma, todas e cada uma. É só o que me cabe dizer.

É bem verdade haver um sonho em mim que nunca conseguiu morrer de vez: poder ficar, por cinco minutos que fosse, a sós contigo, inteiramente a sós para, de olhos fechados tocar, com meus frágeis dedos, cada centímetro de teu rosto. Ah, pobre melancólica flor este meu sonho! Pobre melancólica flor! Se ao menos existisses, flor, nele também... Só para existires em nossos dois jardins, duas flores a mesma flor, flor para não ser colhida, flor para viver, nos respectivos jardins, seu tempo de viver e de morrer, destino de nós dois... destino de todos nós.

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