Devaneios Noturnos II
"Com o cântico dos pássaros, percebo-me.
Os ouvidos apurados num mundo silenciosamente barulhento.
Dentro de mim silencio de poeta, projetando-se nos afagos do Mundo.
Algo de mim bateu contra a parede derrubando as tintas no chão, e o que era quadro virou borrão sem jeito em tela vazia.
Num tempo posto ao contrario, o mundo se atormenta em desesperos e tempestades, dentro do meu silencio há um sorriso satisfeito sem medo, e sem maldade e sem cor.
Dos devaneios, o pulsar das sinapses, neste turbilhão sensível que sou eu nesse xadrez da vida.
Sou pedra de dama, peão de xadrez, a movimentar-se enquanto reis e rainhas, peças brancas e negras se digladiam em beneficio próprio.
Mas há esperança enquanto cantam os pássaros.
Pois perceber-se é luz no fim do arco-iris, e pote de ouro no fim do túnel.
Perceber-se é a salvação dos mortais e o pensar a eterna fonte da juventude, para a eterna vida, e não para a vida eterna."