PERMANEÇO FIEL E NADA ESPERO

NO INÍCIO DA MADRUGADA DE 24 DE JULHO DE 2013

E, no entanto, permaneço fiel, sem esperar mais qualquer espécie de compreensão nem de aceitação nem de perdão. Permaneço, nesta estranha e quase inexplicável fidelidade sem retorno nenhum. Sei que não resta nada a esperar, deveras nada a esperar de ti, de vós, de ninguém, à exceção de algumas poucas, santas mulheres amigas que não me haverão de abandonar, a mim nem à minha mãe, no vendaval deste teatro do absurdo que há muito se tornou o meu destino.

Sigo apenas, no peito o vácuo indescritível de todas as desistências, estrangeira que me tornei para mim, estrangeira que me tornei para ti, estrangeira para vós, estrangeira que me tornei para quase todos nós. Meu nome, que significa mesmo? Nada, ah, nada significa. Never more? Estrangeira para quase todos, neste “presente” mundo. À exceção fica por conta dessas algumas poucas santas mulheres da vida “real”, da que se costuma chamar vida real. À exceção fica também por conta do conforto que recebo de algumas mulheres e de alguns homens neste bendito Recanto, as pessoas que ainda leem e comentam meus parcos textos(?), as pessoas a quem agradeço sempre, sempre, do fundo do coração. Pessoas que ainda me leem e comentam tais textos, apesar do meu silêncio. Apesar do silêncio pelo qual peço perdão, aliás, o que vivo a fazer, por todos os lados e em todos os lugares: pedir perdão, com quase nenhum bom sucesso, com quase bom sucesso nenhum.

Vou parar de pedir perdão. Eu já não me estou aguentando mais. Vou dizer adeus ao perdão que não tenho cessado de pedir. Afinal, continuar a pedir perdão para quê?

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