E AS PRIMORDIALIDADES?
A vida, quimera plantada entre coisas de estranhos bosques, e as contingências emanadas de nossas insalubridades.
O incomensurável poder de criar gêneses anômalas, e a imensidade espúria por nós concebida, na qual nos egocentramos para desvirginar transparências.
O tempo fragmentado em fatias para servir nossa pseudo-onisciência, e os espaços dele apartados e ocupados por nossas imaginações ébrias.
As correntes quebradas a inferirem liberdades de nossos grilhões, e as estátuas embalsamadas a disseminarem nossas falsas essências.
Os ventos quânticos de todos os ares, e as águas de todos os mares a dançarem ao ritmo de nossas sinfonias desafinadas.
As volúpias dos enlaces a celebrarem o exótico espetáculo em que atuamos, e as quedas em túmulos frios a abarcarem nossas mortes sem noção.
As autopreservações bucólicas a vociferarem julgamentos a horizontes purpúreos, e nossas verdadeiras faces a se esconderem por detrás de máscaras.
As fés pragmáticas invocadas para alívios de nossas fobias e angústias, e as esperanças mortas de algum redentorismo possível.
As bocas que cantam glórias altruísticas, e nossos gemidos incontidos em segredados quartos obscenos.
Os puros amores prometidos em eternidades insólitas, e nossos despertares em desejos ardentes e libertinos a contaminarem a utopia.
O bem e o mal intrínsecos a nossos cernes, e nossas covardias exteriorizadas em suas projeções bifurcadas a deuses e a demônios que criamos.
Os audazes arautos a sorverem impávidos as brisas matutinas, e os vultos pálidos a esconjurarmos a noite que as sucede.
Os anseios por portos seguros a nos abrigarem, e nossas jornadas por caminho perdidos.
As constelações inflamadas e translucinadas de meu pensamento, e meu maior desejo: o apagamento.
Péricles Alves de Oliveira