Começo
Cheguei e a conheci. Sempre percebia sua presença, mas não tenho tanta certeza de que havia reciprocidade até aí. Desde então, várias vidas eu vivi, muito fiz e muito deixei de fazer, e ela continuava ali... Viveu então a sua vida, tão discreta como de costume, e eu nunca deixei de perceber sua presença, ou não podia deixar de fazê-lo, não sei.
De tanto aqui ficar, me aproximei. Não poderia ser diferente, a menos que houvesse juízo. Tornou-se próxima, conhecedora de algumas poucas manias, ainda que sem deixar de fazer-se (querendo ou não) misteriosa. Continuei, sem saber por onde ir nem o que fazer, desobedeci impulsos, honrei instintos e na simplicidade de minha ignorância, daí não passei.
Muito disse, muito ouvi e me apaixonei. Pontual como que inglesa, tomou-me para si quando tomei-a para mim. O que mais intriga é saber que não notei, nem mesmo quando seu olhar me tomava em beijos e abraços, que não haveria de ser diferente. Preferi pagar o alto preço de adiar por uns dias o calor dos seus braços e o amor de seus beijos, para preencher toda e qualquer dúvida do nosso entendimento. Então dissemos um ao outro tudo que poderia (e deveria) ser dito, sem pestanejar.
A certeza de ter alcançado palavras próprias da minha pessoa me fez preenchê-la com sentimentos e prosas que não deveriam pertencer a mais ninguém, se não a ela. Seu perfume e cabelos continuam ocupando meus travesseiros e pensamentos, e eu já não me importo comigo. Sem mais, por mais [...]