O sonho acabou



Costumo ouvir que o sonho acabou. Acabou como? Sonhar é livre, e ainda é secreto, pelo menos pelo tempo que desejarmos. Por características pessoais, não costumo dar maiores valores aos sonhos. Não, não estou dizendo que não sonho. É claro que sonho, às vezes até demais. A diferença está no como lido com o sonho. Por viver na desesperança, não valoro o sonho, absolutamente nada acima do que ele é, um sonho. Mas o sonho sendo pessoal nunca acaba, ou melhor, somente acaba quando deixamos de existir como seres pensantes.
 
Se alguns de nós cremos nos sonhos como se realidades fossem, ou como se previsões de algum futuro fossem, nós é que estamos errados, não os sonhos em si. O sonho pode até servir de motivação, de ânimo, de coragem para lutar, mas é a luta presente, a entrega ativa, a doação a alguma causa, mesmo que de aparência impossível que faz do homem um ser com diferenciais de atitude e de respeito ao presente.
 
A realidade não é ética, moral ou justa, a realidade é tão somente a realidade, cabe-nos a realização, nesta realidade do eterno contínuo momento presente, fazermos aquilo que se um dia sonhamos ou não, mas realizar aquilo que naquele momento é atitude, comportamento, ação, e comprometimento com a maximização da dignidade humana e social.
 
O sonho não pode acabar, o que deve pelo menos diminuir é a clara tendência a darmos maiores valores ao sonho enquanto estes ainda forem somente sonhos. O que deve diminuir é nossa fraqueza em viver o presente na esperança dos sonhos que temos ou que já tivemos, devemos viver o presente na ousadia de caminhar a frente, de ser revolucionários do amor e do humano realizar.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 19/07/2013
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