O que fazer quando acaba....

E simplesmente as coisas acabam...as vezes da mesma forma como iniciaram: de repente, bem antes de sermos capazes de nos situar em relação aos fatos. Elas simplesmente acabam, como se na verdade nunca houvessem de fato existido. Partem e nos deixam o cheiro, o sabor, o calor e acima de tudo um vazio.... o vazio de simplesmente não saber o que foi ou o que será feito de todas as palavras, de todos os pequenos sonhos, de cada sentimento...

Para onde vão? A sensação é de que ficam suspensas no tempo, esperando apenas uma oportunidade, uma única oportunidade para darem continuidade ao que foi bruscamente interrompido. Mas mesmo suspensas conservam-se intactas, como se fossem alheias às vontades do tempo que na maioria das vezes segue seu curso impiedoso. Na verdade, a sensação é de que o próprio tempo deixou de existir, ele se funde as lembranças, que na verdade mais parecem ter sido sonhos. Sim... nada é real, e o que realmente é, perde completamente o sentido, sua razão de ser, e no fundo há um desejo, uma vontade que não pode sequer ser traduzida em palavras de que o tempo volte e traga consigo a chance de reviver cada momento nem que seja por frações de segundos e pela última vez.

Creio que a vida deveria dar uma chance de nos despedirmos de tudo aquilo que um dia nos faltará, não no intuito de impedi-las de ir, mas para que o vazio deixado por elas possa ser preenchido com a certeza de que não poderão voltar... Creio que a dor maior é a incerteza, é o nunca saber se as coisas tomariam outros rumos se tudo fosse feito de maneira diferente...

Sim, deveríamos ter a chance de nos preparar verdadeiramente para as despedidas, para enfim compreender que as coisas apenas acabam, elas se vão, tudo um dia acaba... E para onde vão não sei... Mas sei que ficam suspensas e vez ou outra, através de um perfume, uma palavra, ou um toque, elas encontram uma maneira de dizer que não nos abandonaram por completo e ficarão nos observando de longe até terem a certeza de que somos capazes de seguir sozinhos, até que possamos entender que as coisas simplesmente acabam, elas se perdem e talvez esse seja o fim...

Débora Brandão
Enviado por Débora Brandão em 17/07/2013
Reeditado em 19/06/2014
Código do texto: T4392007
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