NÃO HÁ PAINEIRA QUE TE LEMBRE DE MIM

NA MANHÃ DE 17 DE JULHO DE 2013

Tenho sempre a minha paineira diante dos olhos, a paineira cuja presença me faz lembrar de ti, ao longo dos anos, em cada uma das estações; tu não tens nenhuma paineira diante do olhar, que te faça lembrar de mim e se há alguma outra árvore que te faça lembrar de mim é lembrança com desencantamento e com dor e assim... Ah, se vim a este mundo só para te fazer mal seria bom que nada, nem natureza, nem linguagem, nem silêncio te fizessem lembrar de mim. Seria melhor para ti que me esquecesses como a alguém que nunca existiu.

A mim cabe calar até onde nem eu possa ouvir o horror disso tudo. Afinal, na minha vida, quase tudo tornou-se horror, a começar pelo horror que quase o tempo todo tenho de mim. Que quase o tempo todo foi o quase tudo que restou-me de mim.

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