Será que vale??? Deve valer...




Os que me acompanham bem sabem que sendo materialista e humanista secular, sou por decorrência natural, ateu, e deus não passa para mim de uma figura de imagem, fruto de uma construção natural de nossa mente, como qualquer outra imagem, um pouco como uma imagem poética, com simbolismo apenas na introspecção de nossos sentimentos, nada mais do que isto.
 
Vejo um investimento colossal, do estado, da igreja, e de muitos que de alguma forma irão ganhar com este movimento, bem parecido com o movimento de gastos da copa, e infelizmente as escolas e os hospitais continuam definhando, os profissionais de saúde, de educação, e de segurança continuam com seus parcos salários, enquanto alguns, e principalmente a igreja, ganharão em imagem e lucrarão.
 
A exposição em uma rede de comunicação é enorme, até mesmo por uma briga caseira com outra rede, na qual o foco são os evangélicos, ambos cristãos, mas ambos brigando por uma fatia do mercado místico-econômico-político, onde o poder é diretamente proporcional ao rebanho que carregam atrás de si.
 
Perdoem-me os religiosos, os respeito não pela fé que professam, mas por serem irmãos meus em espécie, agora, será que no fundo, fora a maximização e a valoração de ver seu grupo ganhando em poder, da vaidade de um movimento deste porte, da catequese por osmose e convencimento sem razão maior alguma, justifica o investimento, justifica a venda de kits, justifica o gasto em viagens, quando todo este dinheiro se coletado e bem administrado ajudaria a salvar da fome miseráveis em nosso Brasil e pelo mundo. "Entendo"(!!??) que a fome do espirito deve valer mais que a fome do corpo, da vida e do social.
 
Um representante religioso pode parar o Rio por vários dias, e ainda ter a sua disposição segurança farta, pública, agora esta mesma segurança, contra um movimento que envolve a valorização dos próprios trabalhadores da mesma segurança pública é alvo de pressão e de repressão. Haja gás lacrimogêneo e bala de borracha, alguém deve vender e alguém deve comprar, e de repente deve ter passado a ser um bom investimento.
 
O JMJ deve valer. Valer o que? Tem de valer alguma coisa, mesmo que o valor percebido não seja exatamente o valor que movimenta os bastidores.
Já percebo muitas respostas, mas todas elas, se engrandecem a dignidade humana, podem ser construída, valorizada e mantida de forma secular, laica e sem este gasto, sem este impacto e sem o ganho financeiro que não retorna diretamente para os que mais necessitam, os miseráveis.
Sei que não passo de um quase invisível ser no meio de uma multidão, sei que minha própria mãe acha que a multidão deve ter razão exata e unicamente porque é multidão, não precisa de nenhuma evidência, nenhuma prova, nenhum conhecimento adicional ou de nenhuma verdade lógica, crítica ou racional. Sei que não existe maior razão para ninguém entender ou concordar comigo, sei que posso estar totalmente errado, e a massa pode estar certa, mas continuarei me esforçando para ser justo, digno, amante da vida humana e social, sendo independente de qualquer mito, dogma, ou transcendentalismos.
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 16/07/2013
Reeditado em 16/07/2013
Código do texto: T4390194
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