A Alegria Muda de Lugar

Acho que facilitaria muito as coisas se nós nos habituássemos a olhar o que consideramos como perdas de outra forma. De repente, aquilo a que estamos acostumados e que nos deixa felizes, não está mais lá; uma pessoa amada nos deixa. Perdemos o emprego que nos dava segurança financeira. Precisamos deixar de viver em um lugar do qual gostamos, seja por necessidades financeiras ou outras. Acabamos achando que perdemos a motivação para viver, pois o que nos fazia felizes, não está mais presente, não é mais parte de nossa existência.

Que a vida muda o tempo todo, todos nós já sabemos, e escritores e poetas já disseram esta incontestável verdade de várias formas; mas mesmo assim, é difícil aceitá-la. Queremos que tudo o que amamos permaneça para sempre. Mas não é assim que acontece...

Quando algo ou alguém se vai, é porque um ciclo se encerra. A alegria e o prazer que existiam ali, devem ser recolhidos, e então, colocamos tudo numa caixinha de lembranças a ser guardada no coração. Enquanto isso, precisamos nos recuperar da perda - e a única maneira de fazê-lo, é chorando todas as lágrimas que devem ser choradas, pois isto faz parte do processo de despedir-se. Aos poucos, quando as lágrimas forem secando, devemos olhar em volta. Com certeza, aparecerão outras coisas, outras pessoas, outras cenas a serem vividas. 

O mais importante, é jamais comparar as novas pessoas e novas experiências com as pessoas e experiências que se foram, ou jamais voltaremos a sorrir.

Com o tempo, descobrimos que a alegria de viver não se foi; apenas mudou de lugar, cumprindo a sentença da vida que diz que tudo muda, o tempo todo. O que dói tanto não é apenas a mudança em si, mas o agarrar-se ao que se foi, desejando que tudo seja novamente como antes, pois não será, o que só causa mais dor e frustração.

Aqueles que perdemos não estão mais aqui, e de nada adianta procurá-los nos mesmos lugares conhecidos de sempre. Mas eles continuam morando em outros recônditos dentro de nós, de onde nos olham, e esperam ser reconhecidos. Eles estão vivos nas nossas lembranças, na nossa história de vida, e na certeza de que devemos seguir em frente, e que seguir em frente não significa traí-los ou minimizar a sua importância para nós.

O trabalho que perdemos abre nossas portas para que outros surjam, talvez revelando algum talento oculto, trazendo novas experiências para nossas vidas. A casa nova fará com que possamos recomeçar uma nova vida, entre novas paredes, quem sabe, com uma nova decoração, novas cores.

A vida não admite a mesmice, e todo aquele que tentar manter tudo como sempre tem sido, sofrerá sempre, várias vezes, repetidamente.



Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 15/07/2013
Reeditado em 15/07/2013
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