QUANDO A POESIA SE ENCONDE
Concordo que poesia é sentimento, entendendo sentimento como um movimento interior muito amplo, mesclado com reflexão, visão de mundo, conceitos filosóficos e psicológicos.
Por exemplo, vejamos este trecho de Tabacaria, de Fernando Pessoa:
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Muitos poetas fazem da poesia o instrumento de diálogo para expressar seu sentimento de existir, a reflexão sobre a sua visão de mundo, remetendo-nos aos conflitos, angústias e desafios do seu tempo.
Os que assim fazem poesia, tornam-se, no meu ponto de vista, grandes expoentes das letras, porque suas obras têm uma mensagem pessoal, um pensamento e por isso exercem tanta atração e admiração dos leitores.
Essa pessoalidade impressa nas palavras é como se fosse a impressão da alma do poeta (que pode fazer poesia escrevendo prosa também) nos seus trabalhos.
Podemos citar como exemplo, entre nós, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Mello Neto e tantos outros.
Quanto a mim, sinto-me atualmente como aquele contador do texto do Obed, aguardando um momento mágico para despertar meu impulso poético, quando as palavras brotam da alma e o texto toma forma no sangramento das letras.
E vendo a chuva brindar um novo dia que amanhece, recolho-me no aconchego do meu canto, mas penso também que na cidade será mais um dia de enchentes, que existem desabrigados na rua, pessoas em moradias precárias, que as verduras e os legumes encarecerão, etc.
Certamente é uma fase, espero que ela passe logo.
Bjos.