A volta de um anjo...
Ela voltou como a chuva para aquela plantação já seca. Com sorrisos, histórias e uma canção no coração. Com pesares, dúvidas e amor entre os dedos. Dada aos castigos do tempo. Dada aos infortúnios do destino. Dada a mim como o ar que respirava. Mas mesmo tendo passado por tantas coisas, ainda estava como a deixei, linda e vivida como os anjos devem ser. Suas histórias beiravam a loucura, e ela as contavam com uma eloquência tão banal aos loucos. Seu olhos só não brilhavam mais que a lua, que de tão teimosa, tentava apagar nossas sombras juntas na areia. Me afagou com palavras. Me restaurou as promessas e me deixou as vontades. Anseio para que fique, mas seria o mesmo que cortar-lhe as asas, e isso eu não desejo. Outrora ela era passado, hoje é imortal e amanhã… Ah, o amanhã, tão longe do que planejo hoje. Tão longe das minhas e das pegadas delas na areia. Longe do medo que assola meu coração todas as vezes que ela se vai deixando apenas a certeza do que veio plasmar. Alguém me disse que os olhos que amamos nunca morrem e nunca nos deixam em uma noite estrelada […]
Dedicado a Carol Láuria. Amada, ausente e presente irmã