Domingo me remete ao passado, consequentemente lembro de pessoas que amei. Acabo focando minhas lembranças em minha avó que já se foi. Ela era do tipo: A Poderosa Chefona. Isso não me impedia de amá-la. Minha vó tinha várias manias. Não comprava cigarrinhos de chocolate porque iriam me incentivar a fumar. Aquilo não era doce pra criança!

Hoje, excepcionalmente, me lembrei do meu primeiro namorado – é...não foi primeira namorada. O pai dele tinha um pedaço de borracha pregado numa madeira fina. Quando o coitado do meu “namorado” fazia algo errado ele descia a borrachada na perna do menino. Pena que não falo: affff...Cairia bem nesse contexto. Mas, foi um tipo de namoro platônico. De olhares e descobertas de sentimentos. Ele era tão romântico que no meu aniversário ganhei um ovo podre quebrado delicadamente na cabeça. Pensando bem, de repente isso explique alguma coisa.

Depois, teve meu herói – o Carlinhos. Ele nunca quebrou nada em minha cabeça. Foi sempre um cavalheiro. Um verdadeiro príncipe em meio a momentos sombrios.

Bom, sempre fui meio nerd – estranhazinha. Passava meu recreio no banheiro trancada. Sempre tinha uma menina grandona querendo me pegar para estapear. Certa vez minha mãe resolveu cortar meu cabelo. Acho que ela foi cortando, errando, errando e cortando até me deixar quase careca. Essa foi a pior fase na escola. Me esconder no banheiro não era mais opcional – passou a ser obrigação.

Caminhando agora no presente. Tenho um aluno negro. Lindo. Vamos chamá-lo de Thor. Porque é essa força que eu quero nele. De um deus. Thor baixa a cabeça quando as outras crianças riem dele no recreio. Ele fica totalmente imobilizado. Procuro estar atenta a esse menino. Levanto a sua cabeça toda vez que está baixa. Mostro ao Thor a beleza que há nas alturas.

O preconceito é algo muito bobo. Acabamos deixando pessoas especiais passarem por nossas vidas sem serem percebidas. Preferimos perder o amigo e não perder a piada. Bullying é algo que machuca mais que um tapa. Sei disso e o Thor também sabe.

É isso domingo. Que o futuro nos reserve momentos com sabor de amizade, respeito e tolerância. Que o mundo mude a passos menos lento. Precisamos avançar e se for para retroceder, que seja pela saudade de momentos bons.

Ana Liszt
Enviado por Ana Liszt em 14/07/2013
Reeditado em 14/07/2013
Código do texto: T4386152
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