O CAMPEÃO E O PERDEDOR...

CERTA VEZ alguém disse que só há uma diferença entre um campeão e um perdedor. E a diferença fundamental reside exatamente na focada persistência. O campeão não nasceu campeão, nem o perdedor veio à vida predestinado a perder. Ambos ouviram diversas vezes coisas do tipo: "Desista! Você não vai conseguir! Isso não é para você! Não és bom o suficiente e jamais serás! Olhe em volta, há muita gente melhor! Não perca seu tempo!"

A questão é que o perdedor ouviu e acreditou; abandonou seus ideais, julgando-se irremediavelmente incompetente ou despreparado. Seus sonhos foram abortados prematuramente, tidos como estulta ilusão. O campeão, porém, não se acomodou nem tampouco se conformou que aquelas palavras denunciavam o final de uma história que mal havia começado. Ele foi adiante e persistiu nos seus sonhos, para ele, valiosos demais para ser descartados, ignorados ou prontamente entregues ao amargo sabor do acaso.

O campeão tentou uma vez e falhou. Tentou duas e falhou de novo. Reconheceu que as falhas não são um atestado de sua incompetência, mas sim um estímulo para a necessária insistência. Reconheceu que as falhas e tentativas frustradas talvez não sejam produto dos obstáculos pelo caminho. O problema pode estar justamente na escolha da direção errada para se caminhar...

O campeão levantou-se, lançou para longe de si a densa poeira do fracasso, desfez-se dos pesados escombros do passado, despiu-se por completo das roupas sujas do ontem não consumado e vestiu-se com a belíssima roupa do presente renovado, que, aliás, é o primeiro passo para o amanhã realizado...

O perdedor e o campeão bateram na porta da felicidade. No entanto, esta porta não se abriu de imediato. O perdedor, cabisbaixo, culpando a si mesmo e o mundo inteiro por seu clamor não atendido, virou-se e foi embora, ofendido e derrotado. O campeão esperou, reconheceu que a porta na qual batia podia ser a de uma moradia vazia e desocupada. Mudou de endereço e continuou a bater, negando-se a voltar para casa com um sentimento de "tentei, mas não há ninguém que queira me atender"; não, "vou persistir em bater" - pensou o campeão. E assim fez até que uma porta se abriu, ele entrou, e de lá nunca mais saiu...

Realizado, animado, plenamente amado, tendo seu mais íntimo anseio consumado, o campeão então aprendeu uma crucial lição: nem sempre a porta que achamos que se abrirá, realmente se abre; que na vida é vital mudar e se corrigir; tentar de novo; acreditar que ir embora e se lamentar nunca devem ocupar o lugar de persistir e perseverar...

A porta que verdadeiramente se abre não é a daquela residência que de início “parecia” ser a certa, por belas cores ornamentada e com um jardim convidativo por fora, mas inteiramente vazia e desprovida por dentro. A porta que se abre é aquela diante da qual não somos indesejáveis intrusos inesperados, mas estimados hóspedes bem vindos e aguardados; moradores carinhosamente recepcionados, celebrados, acolhidos e muito bem cuidados pelo anfitrião almejado... também denominado “sucesso”.