deus no armário
Não há palavras para você, só sussurros pelo seu modus operandi. Sem interrogações, nem sonhos, nem choros, nem inveja do ar que te tateia, só o nó do pasmo. O oco, o vazio, o desequilíbrio, a euforia nos olhos arregalados dos que veem Deus. Não existia o chão quando caminhamos juntas, nem um motivo de pensar se poderia existir um depois, ou as consequências do depois. A consequência é a presunção do que está por dar errado, e o depois é a recompensa por ter errado, por não ter barrado o inevitável. Acho que não preciso me referir aos seus retratos, que como tiras experientes, me interrogam sobre o crime de ter te cruzado o caminho, de ter passado os olhos distraída e, despretensiosamente, ter voltado. De ter forçado o suicídio da amizade e ter parido como puta um filho bastardo. Te rasguei o rosto, a alma, o peito e quando te vi amando Deus, voltei no tempo e não te toquei.