A TUA VONTADE (NÃO) É SAGRADA

Ao buscar o azul anil altíssimo onde pretende fazer morada eterna, a visão se equivoca e não te permite voar.

Tenta fugir da noite pelo medo que o mesmo céu anil, ao se camuflar num véu negro de pavor e fantasmas, torna-se indesejado e volta ser almejado ao despontar do novo sol.

A tua esposa que teu amigo desejou não faz mais parte dos impulsos sexuais de ninguém.

A esposa do amigo que u m dia desejou são agora apenas seios flácidos, ancas lassas.

Tu, criatura humana, mórbida e flébil para cair na realidade precisa encher as narinas de pó, a cuca de álcool, buscando a ilusória realidade da loucura celeste.

Ejacula pecados e dissemina diabinhos para povoar a Terra aos bilhões. Seduz homens maltrapilhos, engravatados escravos do capital, com um rubi escondido sob pentelhos dourados.

Trabalha exaustivamente para ser santo e no fim da vida cai em desgraça, vai cair num inferno.

Adulterar, transgredir as leis do matrimônio: a esposa o fazia amor aos berros, a rua inteira ouvia.

Comovidos, os vizinhos corriam em socorro, imaginado ser um mal súbito. Ela queria apenas liberdade para gritar de satisfação, dizer que sua vontade tinha que ser sagrada.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 01/07/2013
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