A TUA VONTADE (NÃO) É SAGRADA
Ao buscar o azul anil altíssimo onde pretende fazer morada eterna, a visão se equivoca e não te permite voar.
Tenta fugir da noite pelo medo que o mesmo céu anil, ao se camuflar num véu negro de pavor e fantasmas, torna-se indesejado e volta ser almejado ao despontar do novo sol.
A tua esposa que teu amigo desejou não faz mais parte dos impulsos sexuais de ninguém.
A esposa do amigo que u m dia desejou são agora apenas seios flácidos, ancas lassas.
Tu, criatura humana, mórbida e flébil para cair na realidade precisa encher as narinas de pó, a cuca de álcool, buscando a ilusória realidade da loucura celeste.
Ejacula pecados e dissemina diabinhos para povoar a Terra aos bilhões. Seduz homens maltrapilhos, engravatados escravos do capital, com um rubi escondido sob pentelhos dourados.
Trabalha exaustivamente para ser santo e no fim da vida cai em desgraça, vai cair num inferno.
Adulterar, transgredir as leis do matrimônio: a esposa o fazia amor aos berros, a rua inteira ouvia.
Comovidos, os vizinhos corriam em socorro, imaginado ser um mal súbito. Ela queria apenas liberdade para gritar de satisfação, dizer que sua vontade tinha que ser sagrada.