A grande marcha

Quedei-me diante da TV ao ver pela primeira vez a grande marcha contra tudo o que está errado neste País, ao voltar ao meu normal, consegui descer do pedestal imaginário por mim criado para fugir da realidade nua e crua, que a cada dia nos assola cada vez mais e colocando desta vez os pés no verdadeiro chão onde moro, apanhei meu surrado boné e mesmo com os meus já quase sessenta e dois anos de idade, ainda tive forças para novamente me unir àqueles que tentam fazer com que os maiorais passem a enxergá-los.

No primeiro momento não foi nada fácil, pois infiltrados nessa poderosa massa do bem, estava também alguns baderneiros aproveitando a ocasião para soltarem sua fúria contrária aos anseios da maioria. Anônimo cheguei e anônimo sai. Mas sai de cabeça erguida e livre das amarras que me perseguiam ao longo destes tristes anos de sufoco amordaçado. Pode ser que não dê em nada, mas pode ser que mude alguma coisa, pois os gigantes encurralados em seu castelo, tremeram e já deram sinais de que alguma coisa tem que mudar.

Confesso que também muito me entristeci, pois sou da geração caras pintadas onde a violência era apenas os gritos de alerta por dias futuros melhores e onde jamais se via tanta depredação e fúria descontrolada, protestávamos sim, mas também muito respeitávamos. Depois deste dia jamais me sentirei o mesmo, enclausurado num mundo só meu sem dividi-lo com ninguém, hoje, ah! Hoje já consigo enxergar no meu próximo um alguém que luta pela liberdade de expressão e melhorias nos principais elementos que compõem uma sociedade sadia.

Muitas vezes é preciso sair de uma prisão, para colocar na prisão quem nos encarcerou sem motivo.

Espero não precisar mais num futuro próximo, me juntar novamente à massa que fez tremer a Esplanada e o Congresso Nacional, já que estou vislumbrando dias melhores. E que Deus nos abençoe.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 29/06/2013
Reeditado em 30/06/2013
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