A CONFORTAR OS ÍNTIMOS

NA NOITE DE 28 DE JUNHO DE 2013

Sigo erma de conforto, de qualquer conforto mínimo por parte dos seres mais íntimos, eu que passei a vida a confortá-los, a esses seres mais íntimos. Pergunto: Isso é justo? Sei que qualquer resposta, negativa ou positiva, a essa altura dos tempos, é perfeitamente inútil.

Sigo erma de conforto. Preciso seguir. Conforto de mim para mim? Não me sei pegar no colo, não me sei. Não me sei embalar neste ermo, nesta dor. Esgotei todo meu poder de dádiva com os outros. Quando me dei conta, já havia passado de vez a minha vez. Só resta minha mãe, e minha mãe é uma pequena criança (em verdade, ela sempre o foi, esta mesma pequena criança de agora) para cuidar. Essa maternidade, única função que me restou, não me basta para viver, mas tem que bastar. Perdoa-me, criança minha mãe. Seja como for, tu sabes que jamais te abandonarei. Haverei de encontrar forças para continuar aqui, para continuar a cuidar de ti. Haverei de. Quanto a mim mesma... acho que isso não importa mais, mas, preciso de um corpo que funcione, disso preciso mesmo. De um corpo que funcione. Amém.

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