Retalhos da vida de zuzu
   
  Quando jovem era recepcionista em um pronto socorro infantil, que atendia crianças carentes de zero a doze anos. Em uma tarde chuvosa, chegou um homem muito aflito, trazendo nos braços sua filha, Aninha, queimando em febre, uma linda garotinha loira, de cabelos cacheados, olhos azuis da cor do céu, com apenas três aninhos de idade.                                                                                                          Enquanto fazia a ficha para o atendimento, ele explicava : Eu vim de outro estado para trabalhar, por indicação de um amigo que já estava aqui e continua, porém nos desencontramos, e também fui roubado logo que cheguei, fiquei sem documentos, sem dinheiro e estou provisoriamente em um albergue com minha familia, me indicaram aqui, pois o atendimento é de graça. Rapidamente Aninha foi consultada. Quando já estavam saindo, o pai de Aninha voltou e disse: Moça, por favor, estou com a receita de remédios, mas não tenho dinheiro para comprá-los. Pedi para ele esperar, falei com o  Dr., voltei com os remédios e expliquei como deveriam serem usados na criança. Ele agradeceu muito e foi embora. Tempos depois, em uma manhã ensolarada, aquele homem voltou ao pronto socorro. Havia uma flor em sua mão. Ele me disse: Moça, não existe dinheiro que pague a saúde de minha filha. Não posso lhe dar um presente, mas aceite essa flor como prova do meu agradecimento. Não preciso dizer que me desmanchei em lágrimas.