SEM PERNAS, MAS COM MUITA GRATIDÃO...

ENQUANTO CAMINHAVA pelo longo corredor do hospital, presenciei uma situação curiosa. Num dos leitos por onde passava, escutei a seguinte fala de um recém-chegado internado, cujo acidente sofrido resultara na amputação de ambas as pernas:

“Veja como eu sou infeliz! A vida não foi nem um pouco generosa comigo. Sofri um terrível acidente e perdi minhas duas pernas. Não posso mais caminhar e nem correr. Ah, como eu era feliz no tempo em que ainda possuía as minhas pernas! Nunca mais poderei fazer o que fazia antes. Só me restam aceitar, resignar, esperar e nada mais. Sou um defeituoso inútil e fracassado!”

Apenas alguns passos mais adiante, contudo, avistei um enfermo numa condição similar, com semelhante aniquilação dos membros inferiores. Sua atitude, entretanto, era extremamente oposta e diferente. Assim ele dizia:

"Como sou uma pessoa abençoada! A vida não me poupou de um terrível acidente. Mas o importante é que eu sobrevivi e estou aqui. Tantos morreram em tragédias piores... Considero-me uma pessoa privilegiada por estar vivo e poder respirar. É verdade que não tenho mais as minhas estimadas pernas. Ainda assim, tenho dois ótimos braços que me permitem fazer muitas coisas. Sei que esta limitação imposta não durará para sempre. Sou sim acidentado, mas não sou um mero inválido revoltado!”

Naquele dia voltei para casa refletindo seriamente em meu ponto de vista acerca da vida. Lembrei-me do que li certa vez: "Quando não puderes modificar as circunstâncias, mude então as atitudes".