O que me pertence
O par de sorrisos congelados deixei há alguns minutos quando voltei para casa. O seu, e o meu. Os dedos sujos de poeira sacudi ao passar pela porta. As meias rasgadas e os sapatos jogadas no balde de lixo. A televisão quebrada, ser mágoas, algum artifício. Os olhos tirei e doei, ao passar por uma esquina e ver crianças tristes em plena época de festa junina, assim, puderam ao menos sorrir com bolas de gudes escuras. O coração entreguei a um moço que vi na esquina. Minhas palavras joguei ao oceano atlântico, e foram levadas dentro de uma garrafa de vidro. Minhas lembranças sumiram com meu cérebro, cortei-o e joguei-o em um balde de lixo.
Minha alma é que não vai
Só fica, fica e fica.
Minha alma é teimosa e não aceitou ao meu pedido.
Pedi-a que fosse embora, junto com todo meu corpo sujo de humanidade. Mas ela nega, nega, nega.
Argumenta que pertence á ninguém . E eu a pertenço. Mesmo sem lembranças, sem palavras, esteriótipo, nem nada. Ela me pertence.