Interior

Você fecha os olhos para fechar o coração, trancando-o por dentro. Cai em seu próprio mundo, um labirinto sem entrada, sem saída. As paredes são fumaça, fragmentos de lembranças que te cercam, espirais densas que gritam em silêncio e movem-se em Déjà vu.

Mãos, muitos pares de mãos o cercam querendo te alcançar, acenando um adeus intermitente, mas sempre as mesmas mãos já conhecidas pelo toque de uma vida passada.

Uma imagem diferente das memórias se abre, mais brilhantes que as lembranças opacas das paredes dançantes. Sua mão sobe lentamente, automática, tocando suavemente aquela janela. Sente a brisa vinda de algum lugar acariciando a ponta dos dedos, o frio lhe cobrir a pele e o arrepio se estender pelo braço erguido, eriçando a pele.

E sente o corpo sendo puxado para dentro da tela. O coração não quer abandonar o labirinto, mas a mente relaxa todos os músculos, se deixando levar. Os olhos se fecham novamente. O frio o abraça com brisas suaves. A noite o engole e a lua o observa de volta a realidade.